Por Carlos Fernandes, no site dcm.com.br
A saída de Joaquim Levy do ministério da
Fazenda encerra uma semana extraordinária para o governo e para os rumos que o
país pode e deve tomar daqui para a frente. Não poderia haver um fechamento
melhor.
Levy, que desde o primeiro momento foi
recebido como um remédio amargo e ineficaz para os desafios que o país tinha e
ainda tem por enfrentar, se confirmou como uma aposta equivocada e sem sentido.
Oriundo do insaciável mercado financeiro e expoente valoroso de uma das mais
ortodoxas vertentes de uma política econômica recessiva e
antidesenvolvimentista, o ministro tinha como missão primária acalmar os
mercados sempre desejosos de mais juros e lucros.
Não só não acalmou como ainda trouxe
prejuízos consideráveis à economia brasileira. As sucessivas propostas de
“arrochos fiscais” só não foram mais desastrosas do que a sua própria vocação
para negociação junto ao congresso.
Mais do que os inúmeros constrangimentos
que causou entre as demais pastas ministeriais, provavelmente foi o ministro
que mais contribuiu para um distanciamento entre as medidas econômicas do
governo Dilma e as posições historicamente defendidas pelo Partido dos
Trabalhadores nessa área.
Forjado no capitalismo violento e
predatório, não conseguiu entender que os interesses de um governo democrático
com forte inclinação para o bem-estar social, vão muito além das metas de
superávit primário.
O resultado é o que todos sabemos. Pelo
primeiro ano em mais de uma década voltamos a nos preocupar com as taxas de
desemprego e inflação que foram controladas justamente com políticas econômicas
completamente opostas às adotadas por Levy.
Em contraponto, no seu lugar toma posse
Nelson Barbosa, economista com um perfil infinitamente mais progressista do que
Joaquim e extremamente mais habilidoso na arte de unificar interesses difusos.
Barbosa participou da equipe que formulou
a política econômica do primeiro mandato do ex-presidente Lula. Os avanços nos
fundamentos econômicos do Brasil decorrentes desse plano nos levaram a adquirir
pela primeira vez o grau de investimento que sob o comando de Levy estamos
perdendo.
Se por um lado Barbosa defende a
inquestionável necessidade de equilíbrio nas contas públicas, por outro não tem
dúvidas que o melhor caminho para esse equilíbrio é pavimentado com o incentivo
às cadeias produtivas com a consequente geração de emprego e renda.
Por tudo isso, essa é uma troca que
caracteriza uma mudança estrutural que faz o governo Dilma, nesse segundo
mandato, voltar novamente as suas atenções aos brasileiros que mais necessitam
do Estado.
Joaquim Levy demorou a ser demitido do
cargo, mas o tempo em que esteve à frente da economia foi fundamental para que
pudéssemos ter uma idéia do que seria o Brasil se Aécio Neves tivesse ganho as eleições.
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