quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

O poder real, o condicionamento humano e o marketing eleitoral

Por João Aurélio

Cada cidadão foi habituado desde o berço a acreditar que há um super-homem, que há super-heróis que irão resolver todos seus problemas, realizar seus desejos sem que ele precise, necessariamente, intervir com muito esforço e ação.


Esse condicionamento, primeiramente, vai sendo incutido em nossa mente por conta dos necessários cuidados dos nossos pais, nossos primeiros heróis, ainda no ventre materno - “é o que você vai ser quando você crescer”(1). 

Essa ideia, ainda, é fomentada pela estória do Papai Noel, que com seus presentes, tem a capacidade de realizar nossos desejos. Depois, vêm os heróis da nossa infância – na minha infância, He-Man era “o cara” – que continuam a nos condicionar que alguém tem um poder especial, e, através dele, nossos problemas serão resolvidos.

Esses condicionamentos irão moldar a nossa personalidade, a qual será enquadrada num molde e irá funcionar, em várias situações na vida, de acordo com ele. Inclusive, nas paixões nossas de cada dia. As telenovelas contribuem muito para isto, turbinando, de acordo com o molde, um determinado padrão de relação homem-mulher que se pode resumir no seguinte: a nossa amada é nossa heroína, nosso presente e ela que deve cuidar da gente, assim como nossos pais cuidaram. Acabamos por passar o bastão para ela!

Esse padrão de condicionamento que temos, também, é levado em conta para o marketing político, e usado com esperteza pelos marqueteiros profissionais. Veja que todo político se apresenta como se fosse nossos pais, nossa amada, o papai noel. Cada um quer cuidar da gente, resolver nossos problemas, dando aquilo que desejamos.

O marketing político usa o condicionamento por intermédio do molde, para nos teleguiar. Quem o comanda é o Poder Real, que se encontra nos bastidores, na coxia do espetáculo midiático, a dirigir o ato das nossas eleições a cada 2 anos, desde a escolha dos atores que devem aparecer como os mocinhos, assim como ao atores que devem aparecer como vilões no espetáculo eleitoral.

O poder das grandes corporações empresariais e bancárias é quem escreve o espetáculo, põe o diretor, escolhe os atores, e marca as cenas no dia-a-dia dos nossos noticiários. Nós – cada cidadão que faz o povo brasileiro ou outros povos - recebemos o script nos telejornais, e o molde que nos foi dado, o qual promove a associação de ideias, nos faz ver os mocinhos e os bandidos, de acordo com os interesses de quem dirige a cena: o Poder Real que está nos bastidores.

Portanto, sempre quando avizinham-se quaisquer eleições, municipais, estaduais ou as federais, o nosso molde de ver super-heróis, salvadores da pátria, está sendo teleguiado. Porém, cabe a cada cidadão, num exercício de busca diária da verdade, procurar “separar o joio do trigo”, identificar quem de fato é herói e quem é bandido, para não escolher, a cada eleição, Jesus por Genésio.

(1) Trecho da música “Pais e Filhos”, da banda Legião Urbana. Composição de Dado Villa Lobos, Renato Russo e Marcelo Bonfá.

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