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Família beneficiária do Bolsa Família. |
Essa semana, foi
noticiado que o programa Bolsa Família (BF), do governo federal, recebeu o I Prêmio Desempenho Extraordinário em Seguridade
Social (Award for Outstanding Achievement in Social Security), oferecido pela Associação Internacional de Seguridade Social, Issa, (sigla
em inglês). É o Oscar do gênero.
Não é a primeira
deferência ao Bolsa Família. Várias outras têm sido oferecidas pelo fato dele,
comprovadamente, entre outras vantagens, ser tão eficiente na diminuição dos índices de miséria e
evasão escolar no Brasil.
No entanto, algo
que me impressiona, é como um programa tão premiado, pelo exemplo de resultados
que oferece ao país e ao mundo como antídoto contra a miséria, pode ser tão
criticado por setores da vida nacional que não deviam critica-lo e sim
apoiá-lo, pois são imensamente beneficiados. Falo de parte da classe média.
Quando vi a
notícia sobre o prêmio ao Bolsa Família, lembrei do tempo que vivi em Portugal,
de 2006 a 2011.
Portugal, apesar de se encontrar 20 anos à frente do Brasil em termos de qualidade de vida da população, não é um país top da União Européia no que se relaciona à qualidade de vida. Ainda está atrás de Alemanha, Inglaterra e França, por exemplo.
Portugal, apesar de se encontrar 20 anos à frente do Brasil em termos de qualidade de vida da população, não é um país top da União Européia no que se relaciona à qualidade de vida. Ainda está atrás de Alemanha, Inglaterra e França, por exemplo.
Os portugueses citavam seu bom estado social, se bem que às vezes até
com amargura, é verdade, por não terem o mesmo nível de atendimento social dos
países acima citados, mas sabiam que aquela proteção era importante para
os cidadãos menos afortunados. Havia uma valorização daquela proteção social
fornecida pelo Estado português.
Antes dessa crise
que vive a Europa, era comum, no Brasil, quando se falava em qualidade de vida, lembrar logo a Europa como
exemplo de seguridade social.
Entretanto, o que leva alguém a elogiar a assistência social da Europa a ponto
de citá-la como exemplo e ser contra um programa social do naipe do Bolsa
Família, que reconhecidamente melhora os índices de qualidade de vida da
população? Só posso entender que seja preconceito e desinformação. (Aliás, a
desinformação é a mãe do preconceito...).
Não que o Bolsa Família
seja a espada de He-man. Não! Óbvio que pode melhorar e tem que melhorar. Mas, é inegável a importância do
Bolsa Família como contribuinte na melhoria da vida dos brasileiros. Então por
que não defendê-lo?
Tenho experiência
própria com o BF, porque quando funcionário municipal em Camalaú, trabalhei na
Secretaria de Ação Social, diretamente com o BF, e via como aquele programa
fazia a diferença na vida das famílias atendidas.
E, além disso, eu próprio fui beneficiário do programa e senti na pele o quanto fazia diferença para alguém como eu, que
na época ganhava 1 salário mínimo e tinha a esposa e mais 3 filhos para
sustentar.
A maior crítica que se faz é o fato do governo dar dinheiro, o que, segundo alguns críticos, vai criar uma geração de vagabundos. Alguém até alcunhou o BF como "Bolsa Vagabundagem"...
Essa argumentação é falha porque o governo não dá dinheiro por dar. Existem critérios para recebê-lo. Veja texto sobre os critérios para ser beneficiário do Bolsa Família:
Essa argumentação é falha porque o governo não dá dinheiro por dar. Existem critérios para recebê-lo. Veja texto sobre os critérios para ser beneficiário do Bolsa Família:
“O Bolsa Família atende a famílias com renda per capita de até R$ 140. A renda é calculada a partir da soma dos recursos que todas as pessoas recebem e dividida pelo número de pessoas do domicílio. Se a renda média for de até R$ 70, a família é considerada extremamente pobre e recebe o benefício básico de R$ 68 e, se tiver crianças e adolescentes de 5 a 15 anos na escola, ganha R$ 22 por cada um, num limite de até três pessoas por família. Além disso, se mantiver até adolescentes de 15 a 17 na escola, pode receber mais R$ 33 por cada um. O total recebido pode chegar, no máximo, a R$ 200, com a permanência de cinco pessoas na escola.
As famílias que ganham
renda per capita entre R$ 70 e R$ 140 não recebem benefício básico, mas apenas
o variável, de acordo com o total de famílias na escola. Além de manter
crianças e adolescentes na escola, as famílias beneficiárias devem manter crianças
com vacinação em dia e gestantes fazendo exames pré-natais.”. (Fonte: site Último
Segundo).
Em 2008, quando morava em Portugal, saí de Braga e fui morar no Porto. Aluguei um quarto na casa
de uma senhora. Nas férias a sobrinha dela vinha da França com a família. Certa
vez, numa conversa, ela me disse que na França ganhava dinheiro do governo francês
só para ficar em casa cuidando dos filhos (o mesmo benefício existe em outros
países da Europa). Por mês, dizia ela, ganhava xis euros por cada filho.
Se entendemos que por
causa da baixa natalidade na França, seria necessário o Estado francês
tomar tal medida para incentivar as famílias a terem mais filhos, por que não
entender que com os problemas inerentes à educação e saúde no Brasil e em
especial nas regiões mais interioranas o governo não tivesse um programa que
pudesse condicionar o recebimento de dinheiro à frequência escolar e à
vacinação em dia, entre outros critérios, por exemplo? Justifica, tal
procedimento? Penso que justifica.
Se para alguns não
parece normal o Brasil investir 0,46% do seu orçamento anual (ou meros 26
bilhões de reais) para beneficiar 13 milhões de famílias (80 milhões de
brasileiros) num programa – o Bolsa Família – que nesses 10 anos ajudou a
reduzir a pobreza em 28%, e que a cada R$ 1,00 investido retorna R$ 1,40 para
a economia, entre outros benefícios, então não faz sentido algum gastar 42%
(900 bilhões de reais/ano que dá 34 vezes e meia o orçamento do Bolsa Família) no
pagamento de juros da dívida.
Quanto ao pagamento dos juros da dívida não faz diferença se é o PT, PSDB ou PSB, que está no poder, a situação é exatamente a mesma. Já quanto à continuidade do Bolsa Família, sim, aí faz diferença quem está no poder, se PT, PSDB ou PSB. É um caso a pensar seriamente na hora do voto nas próximas eleições de 2014.
Quanto ao pagamento dos juros da dívida não faz diferença se é o PT, PSDB ou PSB, que está no poder, a situação é exatamente a mesma. Já quanto à continuidade do Bolsa Família, sim, aí faz diferença quem está no poder, se PT, PSDB ou PSB. É um caso a pensar seriamente na hora do voto nas próximas eleições de 2014.
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