Blog Na Xinxa! posta texto de seu Editor João Aurélio, sobre a Proclamação da República.
Por João Aurélio
O quadro de Benedito Calixto, A Proclamação da República, em que vemos o alagoano Marechal Manoel Deodoro da Fonseca com chapéu na mão, de braços erguidos, dando vivas à República, pode sintetizar suas manipulações nesses mais de 100 anos.
A fantasia pintada naquele quadro manipulou o
imaginário nacional, escondendo sua verdadeira face, conseguindo passar para as
gerações vindouras que a proclamação da república foi um fato necessário porque
o regime anterior, a Monarquia Parlamentarista, não gozava de apoio popular,
além de ser um regime de injustiças, pois manteve a escravidão negra, entre
outras coisas. Ledo engano que o tempo, como senhor da verdade, pouco a pouco
vai impondo os fatos aos boatos escritos pela historia republicana.
A Monarquia gozava de apoio popular, e isto,
veremos a seguir no texto de Aristides Lobo. Já a escravidão, não era marca
exclusivamente do império brasileiro, e sim, próprio do sistema produtivo da
época. Como exemplo, cito que no mesmo período em que convivemos com a mancha
da escravidão negra no Brasil, os EUA, e outros países da época conviveram
igualmente com ela.
A República se instalou no Brasil por um golpe
militar. Não houve nada de participação popular. Como a história é escrita pelo
vencedor, os governos republicanos, como vencedores, escreveram-na de forma a deixar
a ideia de que houve participação popular.
Um dos componentes do governo de Deodoro da
Fonseca, apoiador do golpe republicano, Aristides Lobo, como testemunha ocular
da história, se expressa no Diário Popular de São Paulo em 18 de Novembro de
1889, nas seguintes palavras:
“Por ora,
a cor do governo é puramente militar e deverá ser assim. O fato foi deles,
deles só porque a colaboração do elemento civil foi quase nula. O povo assistiu àquilo tudo bestializado,
atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditaram
seriamente estar vendo uma parada!”
Se você perguntar a brasileiros se eles sabem que
no Brasil existem príncipes e princesas, descendentes de D. Pedro II, pouquíssimas
pessoas darão respostas positivas. Irão dizer que o Brasil atualmente não
tem príncipes e princesas.
Só para ilustrar, recentemente, vi na TV, um
turista brasileiro na Inglaterra numa cerimônia da Monarquia inglesa, extasiado
a dizer:
- Pena que o Brasil não tenha príncipes e
princesas.
O fato é que tem. E cada membro da família
imperial brasileira vem sendo educado como se a qualquer momento pudesse vir a
ser chamado a chefiar o estado brasileiro.
Quanto à questão puramente do funcionamento da engrenagem da Monarquia e da República, vou dar exemplo, no item continuidade.
Um dos vícios da República é a falta de continuidade de projetos. Normalmente, porque o governo do partido A não quer dar continuidade aos projetos do partido B.
Um dos vícios da República é a falta de continuidade de projetos. Normalmente, porque o governo do partido A não quer dar continuidade aos projetos do partido B.
Uma das vantagens que vejo no sistema de governo
monárquico é a possibilidade de sanar tal defeito da engrenagem republicana. Na
Monarquia o fato da Chefia de Estado ser permanente através da mesma pessoa, o
Imperador, que reina geralmente por muitos anos, ele zela para que haja
continuidade nos projetos de longo prazo.
Houve possibilidade da volta da Monarquia num
plebiscito em 1993. O povo foi chamado a opinar sobre Monarquia ou República,
se Parlamentarismo ou Presidencialismo. O povo optou pela República e o
Presidencialismo.
Cabe saber se a história algum dia vai fazer sua
justiça e reparar o elo partido pelo golpe militar e dar continuidade àquilo
que foi interrompido em 15 (ou como queiram, 16) de novembro de 1889.
Em trecho do soneto “Terras do Brasil”, D. Pedro
II, disse: “...entre visões de Paz, de Luz, de Glória, sereno aguardarei no meu
jazigo a Justiça de Deus na voz da história!”.
A história dará seu veredito.
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