domingo, 29 de dezembro de 2013

Anderson Silva contra Chris Weidman: técnica sim, sorte e fatalidade não!


O blog Na Xinxa! posta artigo de seu Editor, João Aurélio.

Por João Aurélio

Triste cena aquela perna quebrada de Anderson Silva na revanche contra Chris Weidman. Para os espectadores mundo afora, ficou a pergunta e o vazio da resposta se Anderson Silva se recuperaria do 1º assalto perdido e alcançaria a vitória que lhe traria de volta o cinturão de campeão dos médios; para Weidman, fica uma vitória sem muito gosto, pois, muitos duvidam que pudesse vencer o Spider no decorrer de vários assaltos; para o brasileiro torcedor de Anderson, fica a crença numa fatalidade, e a tristeza por aquele golpe infeliz tê-lo tirado do confronto e não vê-lo vencedor.

Como brasileiro, ex-praticante de Kung Fu e torcedor de Anderson (naquela luta), gostaria que ele tivesse ganho a luta, óbvio. O sentimento de torcedor quer até me fazer teimar em acreditar que tenha sido de fato uma fatalidade, pois um chute lateral naquela velocidade, dificilmente um lutador conseguiria fazer tal movimento de defesa que Weidman fez e determinar aquele desfecho à luta. Pois, Weidman fez...

Nesta análise da história daquele chute e defesa que definiram esta luta, encontra-se o fato que Anderson Silva tem como ídolo e mestre confesso, Bruce Lee, o maior mestre das artes marciais do século XX e precursor das artes marciais mistas (MMA, sigla em inglês). Motivo qual, o fez produzir o documentário “Como Água”, título que homenageia Bruce e é inspirado em uma suas inúmeras marcantes frases.

Quem já estudou os princípios norteadores da técnica de luta de Bruce Lee - e Anderson conhece isso - sabe que Bruce numa luta real, desaconselhava chutes acima da linha da cintura. Disse Bruce, certa vez: “Meus chutes de Kung Fu real são baixos e visam a canela e o baixo-ventre”. Nos seus filmes, usava-os pura e simplesmente para dar um efeito dramático à cena, mas, numa luta real, achava-os ineficientes, um gasto de energia desnecessário. O que não quer dizer que eventualmente não pudesse usá-los num situação real.

Os chutes abaixo da linha da cintura são resultado da busca da simplicidade e eficácia de Bruce Lee na arte da defesa pessoal. Ele praticou o estilo Wing Shun na sua juventude. Depois, pesquisou e simplificou as técnicas do Wing Shun e acrescentou elementos de outros estilos e lutas, o que o fez chegar a determinados princípios, que hoje são a essência do MMA. Essa filosofia da simplificação, adaptabilidade, economia de movimentos, etc., de Bruce Lee, hoje, norteia lutadores como Anderson Silva e tantos outros, que conscientemente ou inconscientemente bebem da sabedoria do mestre.

Àquele chute lateral desferido por Anderson Silva, a defesa natural é: 1) tirar a perna e não se deixar atingir; 2) erguer um pouco a perna para deixar a coxa ser atingida, já que a musculatura aguenta mais impacto ou; 3) fazer o que fez Weidman, deixar a parte pouco abaixo do joelho ser atingida, onde o osso é mais forte, o que pode provocar lesão no oponente, que foi o que aconteceu com Anderson.

Portanto, acredito que a defesa de Weidman ao chute de Anderson está, inclusive, na mesma dimensão do chute frontal de Anderson em Vítor Belfort no UFC 126, quando da disputa pelo cinturão: foi treino e técnica e não sorte e fatalidade. Talvez Weidman tenha usado o recurso de quem não pudesse vencer o oponente sem um golpe genial.

O outro ingrediente que infelizmente ocorreu foi a previsibilidade do golpe de Anderson. O que para um lutador do seu nível, não era para se dar a tanta previsibilidade de golpes. Weindman disse isso na entrevista pós luta, que sabia que Anderson iria usar aqueles chutes e treinou bastante a defesa contra eles.

O grande campeão Anderson Silva, até o momento, por muitos, considerado o maior peso por peso da história, só o tempo vai dizer se ele voltará a lutar ao mais alto nível.

Aos brasileiros que gostam de MMA, o que resta é torcer por Vítor Belfort no já anunciado confronto contra Weidman pelo cinturão dos médios. 

Como brasileiro, sou mais Vítor. Torço para que ele observe bem o ensinamento do maior de todos: “Empenhar-se ativamente para alcançar determinado objetivo dá à vida significado e substância. Quem quiser vencer deve aprender a lutar, perseverar e sofrer”. (Bruce Lee). 

De Vítor, esperamos, no mínimo, empenho, e sem firulas...! Acredito que vamos ter.

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