sexta-feira, 20 de maio de 2016

#OcupaMinC: parte da classe artística está a olhar só para seu umbigo. Olhem para os demais!

Por João Aurélio

O levante dos artistas e simpatizantes contra a decisão do golpista Michel de fechar o Ministério da Cultura, o MinC, e transformá-lo em Secretaria e a reação de membros apoiantes do governo, já ensaiando um volta atrás, joga luz numa questão simples: nenhum governo é suficientemente resistente à pressão popular, ou como nesse caso, ao barulho provocado por figuras conhecidas do grande público, os artistas.

Analise. Qual o mais grave, fechar o Minc ou destruir direitos trabalhistas que mexem com dezenas de milhões de brasileiros? Qual o mais grave, fechar o Minc ou fazer uma reforma previdenciária que agride o cidadão, com desculpa que se não o fizer, em alguns anos, não haverá dinheiro pra pagar aposentadorias, quando nunca falta dinheiro para pagar - pasmem! - mais de 700 bilhões de juros da dívida pública, anualmente? Pasmem de novo: eu disse 700 bilhões só de juros pra meia dúzia de banqueiros, sem mexer no principal, como diria vovô. Para efeito de comparação, os gastos com o Bolsa Família, que beneficia mais de 50 milhões de brasileiros são parcos 25 bilhões de reais por ano e já falam em diminuir. 

Óbvio, que não quero diminuir a luta justa da classe artística para não deixar o Michel fechar o Minc. Mas, a minha comparação é no intuito de mostrar que há coisas mais graves acontecendo do que fechar o Minc, como os exemplos dados da reforma das leis trabalhistas e previdenciárias, e as reações não causaram qualquer movimento de reação à altura da classe mais articulada e de visibilidade que é a classe artística. Salvo algumas exceções.

Os protestos contra o fechamento do Minc causaram reação do presidente do Senado, Renan Calheiros. Ele já tem demonstrado querer encontrar solução satisfatória para governo e artistas.

A reação de Renan é porque os famosos que encampam a luta conseguem fazer mais barulho do que trabalhadores e aposentados, e político vive do voto popular.

Trabalhador e aposentado, não dão a mesma visibilidade, não chamam tanta atenção quanto um protesto de um Caetano Veloso, por exemplo. Caetano se manteve calado sobre o impeachment, ou melhor, o golpe. Agora saiu do armário porque mexeram no setor o qual é mais identificado. Não reclamo. Seja bem-vindo, Caetano! O mesmo em relação a outros artistas, que só agora, abriram a boca a protestar. 

Mas, imagina se um Caetano Veloso e tantos outros artistas tivessem a mesma reação com relação às reformas da previdência e trabalhista, por exemplo. Imagina se eles fizessem shows, chamassem a população para protestar. Não haveria golpismo que se mantivesse de pé. 

De qualquer forma, isso demonstra que se trabalhadores e aposentados fossem mais articulados, dificilmente o golpista Michel e sua trupe encontrariam terra nos pés para manter ou aprofundar o sangramento que já vêm praticando nos cidadãos mais desprotegidos.

Como muito bem disse o ator Wagner Moura, que é uma dessas exceções na classe artística, pois vêm protestando contra o golpismo bem antes que mexessem com seu umbigo: "Pior ainda está por vir". Já veio e vem mais! E a classe mais articulada e de maior projeção perante o povo que são os artistas, será que só vai sair a protestar, quando mexerem no seu umbigo?

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