Por João Aurélio
A Globo riu e rir da inteligência da sua audiência na
cobertura do grampo da conversa de Sérgio Machado com Romero Jucá.
A abordagem dos repórteres sobre a conversa de Jucá induz
o telespectador à conclusão de que ele apenas pedindo demissão do cargo de Ministro
do Planejamento, resolve todo embrolho. Não trata do mais grave: Jucá, grampeado,
disse que esteve com ministros do STF, e pelo teor da fala, dá a entender que
houve um complô para tirar a presidenta da República, para que não houvesse
custos para demais pessoas, inclusive o próprio Jucá, Machado e demais citados
na Operação Lava Jato.
Ora, isso é grave, é gravíssimo!
A conversa de Romero Jucá com Sérgio Machado, coloca em
total suspeição o STF, pois Jucá disse literalmente que falou com "alguns
ministros" do STF sobre “essa porra”, assim referindo-se à Operação Lava
Jato. Os ministros, segundo Jucá, refletiram que se a presidenta não saísse tudo isto ia
continuar.
Depois disso, qual a garantia que qualquer um tem que
algum ministro do STF irá fazer qualquer julgamento com independência? Nenhuma!
O conteúdo coloca sob suspeição todo STF, até porque Jucá não cita nomes,
apenas diz “alguns ministros”. Quais?
Mas, o telespectador não irá ter esta leitura nos
telejornais da Globo e demais emissoras. A leitura que é dada ao público é de
uma crise no governo do Michel e que se Jucá se desligar do governo, para ser investigado.
Você vai observar isto em todos telejornais da Globo, principalmente
o JN. Foi o que eu observei hoje cedo no Bom Dia Brasil. Em nenhum momento se
aduz à trama sórdida com o objetivo do golpe contra a democracia, contra a
soberania popular. Foi o batom na cueca do golpe. Mas, sem nenhuma menção jornalística ao fato.
Assim, a Globo caçoa da capacidade de raciocínio do
brasileiro e coloca em prática uma das máximas, se não a maior máxima do seu
jornalismo, assim como determinou Roberto Marinho, de acordo com citação do
jornalista Paulo Henrique Amorim no seu livro “O Quarto Poder”: “A Globo é o
que é, mais pelo que não deu, do que pelo que deu”.
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