quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Pensei: Se fosse Valdemiro...!

Sai de casa cedo para ir na Capitania dos Portos de Pernambuco - CPPE, (no SIM - Sistema de Identificação da Marinha), dar entrada num documento.

Ao sair, lembrei que não tinha pago um boleto no valor de 8 reais, imprescindível para dar entrada no documento.

Pior que ao ir às agências nas quais tenho conta, o sistema bancário me informou que não poderia pagar lá. Assim, vi que teria que ser no Banco do Brasil, o que era um grande problema, pois eu não tenho conta no Banco do Brasil e assim não teria como pagar no caixa eletrônico. Para piorar, as agências só abririam às 10h, hora do meu compromisso no SIM. E agora?

Corri para uma agência do Banco do Brasil na Av. Dantas Barreto, Centro do Recife, pois pensei: Já que não tenho cartão do BB, tenho que pedir a alguém para pagar o boleto com seu cartão e eu o reembolso.

Pedi a algumas pessoas que, desconfiadas, pois podia ser algum fraudador, davam uma desculpa e não aceitavam pagar o boleto.

Depois de várias tentativas, vi um senhor de uns cinquenta e poucos anos, roupas sociais, meio gordinho, aparentava certa seriedade. Expliquei minha situação e resolvi propor a ele:

- O senhor paga o boleto de 8 reais e pago-lhe 20 reais, pelo serviço, assim vai ganhar 12 reais por me prestar esta gentileza. Ele topou.

Depois de algumas tentativas frustradas, por conta do "sistema" do banco, ele conseguiu. Prontamente, peguei 20 reais e dei a ele, dizendo: - Pronto, senhor Edeliel. Aí estão os 20 reais que lhe prometi.

Para minha surpresa, ele respondeu sem hesitar: - Não posso aceitar, minha religião não permite! O senhor troca o dinheiro ali fora e me dá só os 8 reais.

Eu, surpreso, logo pensei: Se fosse o Valdemiro...! Então, lhe disse: - Mas não tem problema seu Edeliel, o senhor me prestou um serviço e estou lhe pagando por isto.

Com maior firmeza no falar e um certo orgulho, no bom sentido da palavra, seu Edeliel replicou: - Não posso, seu João, minha religião não permite. O senhor vai lá fora e ofereça os 12 reais a alguém que precise deles. Não aceito.

Eu disse: - Eu tenho 10 reais. Aceite, por favor.

Ele pegou os 10 reais e disse: - Eu vou dar 2 reais a alguém que necessite, ali fora.

Eu ri e disse-lhe: -Tudo bem, seu Edeliel. Desculpe, mas estou com pressa. Tenho que ir ao Marco Zero pois estou em cima da hora. Obrigado pelo seu serviço.

- Eu já passei por isso, seu João. Não há o quê agradecer.

Eu sai dali refletindo o ocorrido enquanto ia "cortando" as pessoas no tumulto do centro do Recife.

Quando cheguei ao meu destino, na CPPE, logo na entrada, alguém me perguntou: - Que dia é hoje?
Eu olhei e disse: 31. Logo lembrei que toda aquela situação que passara para dar entrada no documento, foi perdida, pois meu agendamento era  para o dia 1. Ainda bem que tinha outra situação que poderia resolver ali perto. Assim, "não perderia o dia".

Fiquei pensando sobre seu Edeliel. Pensei como a atitude dele contrasta com o que se vê na atitude de alguns maus pastores, que aproveitam a boa fé dos fiéis para tomar dinheiro dos fiéis. Penso que, até para preservar o nome da igreja, seus adeptos deviam tomar uma atitude e não se deixarem enganar por gente como Eduardo Cunha, Marco Feliciano, entre outros. Estes, tem usado os membros para seus projetos políticos.

Seu Edeliel, sem ter consciência disto, me mostrou que apesar de tudo que se passa atualmente, se pode ter esperança num mundo melhor.


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